sábado, 31 de outubro de 2009

VOYEUR






VOYEUR

Numa tarde ensolarada
eu estava à janela
admirando a vida
que lá fora escoava.
Chamou-me a atenção,
de repente, ao ultrapassar
uma varanda, bem em frente,
uma mulher que ao espelho
se despia.
Aparentava quase uma balzaquiana, e
a cada peça que tirava,
o que se descobria examinava;
às vezes aprovava,
outras, a expressão era de quem não gostava.
Bela mulher por sinal,
aos meus olhos curiosos
nada, aparentemente, desmerecia
o corpo que de longe eu espreitava.
O que será que não lhe agradava
no corpo perfeito da bela mulher
que eu, embevecido, observava?
Desapontou-me,
Quando, de súbito, se deu conta
da minha indiscreta mira,
e a janela de sacada entrefechou
o suficiente para somente impedir
a minha vista de alcançá-la.

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